Orações Não Atendidas

Por quê Deus deixa de atender alguns
(ou muitos) dos nossos pedidos?

É lógico que gostaríamos de receber tudo o que pedimos a Deus. Entretanto, ele não pode fazer isso. Não é que o seu poder esteja limitado, mas existem princípios que ele mesmo estabeleceu e que não podem ser removidos
.

Se Deus nos desse tudo o que pedimos, ficaríamos mal acostumados e poderíamos ter um caráter fraco. É o que acontece com aqueles filhos que recebem dos pais tudo o que desejam. Depois, mesmo na idade adulta, continuam sendo dependentes e incapazes de lutar por aquilo que precisam.

É verdade que Deus nos ouve e nos dá muitas coisas que lhe rogamos em oração, mas ele não fará aquilo que é de nossa própria responsabilidade fazer.

Se Deus nos desse tudo o que pedimos, não precisaríamos nos esforçar em nenhuma situação. Não iríamos trabalhar nem desenvolver nossas habilidades. Quem não se esforça se enfraquece. Em casos assim, faríamos melhor se pedíssemos sabedoria ao invés de pedirmos coisas (Tg.1.5), embora não estejamos impedidos de fazê-lo. Se Deus sempre nos atendesse, resolvendo todos os nossos problemas, ele também estaria tirando de nós toda oportunidade de aprendizado e crescimento.

Se Deus nos desse todas as coisas boas que lhe pedimos, isso poderia nos impedir de alcançar o melhor que ele tem para nós. Por outro lado, muitas vezes estamos pedindo coisas ruins, embora pensemos que são boas. Ele vê o que nós não vemos.

Algumas vezes, dois filhos de Deus fazem orações opostas. Por exemplo, cada um ora para que o seu time ganhe o campeonato ou para que o seu candidato vença as eleições. Alguém pede chuva, enquanto o vizinho pede sol. Ele não poderá atender a todos ao mesmo tempo. Não fique decepcionado com Deus.

Se ele nos desse tudo o que pedimos, teríamos um paraíso na terra e não seria necessário ir para o céu. Não passaríamos por tribulações, aflições, provações ou tentações. Sabemos, porém, que tudo isso faz parte da vida cristã e não podemos, nem mesmo através de orações, impedir que tais coisas aconteçam (João 16.33; IICo.1.5; Col.1.24; IPd.4.13; IICor.12.7-10). Quando Jesus estava na cruz, ele poderia ter orado ao Pai pedindo que legiões de anjos viessem resgatá-lo. Contudo, não o fez (Mt.26.53).

Cada cristão também tem sua própria cruz (Mt.16.24), e não é como enfeite nem objeto de devoção. Não se trata de um crucifixo para ser pendurado na parede ou no pescoço. A cruz significa sujeição total a Deus, e isso trará, em algum momento, sacrifício, sofrimento e dor. Depois (e não agora), entraremos na glória celestial como Jesus entrou.

Muitas vezes, a nossa “vida de oração” tem por objetivo evitar a cruz. Como Deus haveria de nos atender? Vamos então deixar de orar? De modo nenhum, mas tomemos como exemplo a oração de Jesus no Getsêmani: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice, mas não se faça a minha vontade, senão a tua” (Mt.26.39). Cristo não fez uma oração autoritária, não determinou o Deus haveria de fazer, mas humildemente fez uma oração de sujeição à vontade de Deus.

As medidas disciplinares de Deus sobre seus filhos, ou sua vingança sobre os inimigos, ou ainda as consequências naturais do pecado geralmente não podem ser aplacadas através da oração. Se assim fosse, o homem não colheria o que plantou, a palavra de Deus seria anulada (Gálatas 6.7), e o pecado se tornaria inofensivo. No caso da oração, acompanhada do arrependimento, o pior será evitado (Jr.18.8), o castigo será removido (IRs.8.33-39), mas não os efeitos pecaminosos. Davi adulterou, arrependeu-se, orou insistentemente, mas, mesmo assim, o filho do adultério morreu e outras consequências vieram. Contudo, ele foi perdoado e o pior, que seria sua morte por aquele pecado, foi evitado (IISm.12.9-18).

Outra oração que não pode ser atendida é aquela que pede a mudança dos planos divinos. Imagine, alguém orando para que Jesus não volte! Seria um absurdo, mas, muitas vezes, estamos orando contra o plano de Deus em nossas vidas. José do Egito passou por muitas situações difíceis que eram parte da vontade de Deus para ele. Quando estava na prisão, poderia ter orado para sair imediatamente. Não sabemos se ele orou, mas o fato é que nenhuma oração poderia antecipar o tempo de Deus, pois havia o momento certo de sair da prisão e ir para o palácio. Antes disso, sua presença diante de Faraó seria inútil e ele não chegaria a conhecê-lo.

A oração eficaz é aquela que se baseia na Palavra de Deus, a bíblia, e é feita com fé. Além disso, alguém que está guardando pecados não confessados, terá suas orações rejeitadas. Quando oramos de acordo com a vontade de Deus expressa na bíblia, ele nos atende. Se orarmos apenas com base na nossa própria vontade, estaremos equivocados na maioria das vezes e não seremos atendidos.

A oração, que é uma forma de acesso ao mundo espiritual, não deveria ser usada a priori para atender questões materiais. Tiago disse que oramos e não recebemos porque pedimos mal, com vistas ao nosso próprio deleite (Tg.4.2-3). Na oração que Jesus ensinou, temos apenas um pedido de ordem material: “o pão nosso de cada dia”. Todo o restante está voltado para o plano espiritual, tendo o Reino de Deus em destaque (Mt.6.9-13). A nossa oração talvez seja um pouco diferente: Queremos pão, queijo, manteiga, biscoito, bolo, rosca, para hoje e para o mês inteiro e, se der tempo, que “venha o teu reino”.

O que acontece é que cremos no reino, mas estamos mais preocupados com a nossa posição nele do que com o próprio Rei. Foi o caso daqueles dois discípulos que pediram para se assentarem ao lado de Cristo na sua glória. Tal pedido, com aparência piedosa, era algo egoísta e, por isso, não foi atendido (Mc.10.37). Precisamos orar sempre, mas de uma forma bem orientada, sabendo que, também em nossas orações, o Senhor deve estar em primeiro lugar. Precisamos nos concentrar mais naquilo que ele quer de nós e menos naquilo que queremos dele. Precisamos orar mais pelo nosso próximo e menos por nós mesmos. Deus mudou a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos (Jó 42.10).

“E esta é a confiança que temos nele que, se pedimos alguma coisa segundo a sua vontade ele nos ouve; e se sabemos que nos ouve, sabemos que temos alcançado as petições que lhe fizemos. “ (I Jo. 2.14-15).

Pr. Anísio Renato de Andrade
 
Fonte: anisiorenato.com

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