CRISTO AMA A SUA IGREJA





Introdução: A Igreja é composta de todos os que são “santificados em Jesus Cristo, chamados para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1Co. 1:2), ou, a definição da nossa Confissão de Fé, Cap. 25: “A Igreja Universal, que é invisível (no sentido que só Cristo sabe quais são os seus) consiste do número total dos eleitos que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo, sob Cristo, sua cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que enche tudo em todas as coisas (Ef. 1:10, 22, 23; Cl. 1:18; Ef. 5:23,27,32.)” Este é o povo que Jesus Cristo ama com um “amor eterno” (Jr. 31:3).

Cremos que a Igreja de Deus existia no Antigo Testamento e continua no Novo Testamento. Qual é a base para acreditar nesta continuidade? Porque, desde o princípio, o povo “começou a invocar o nome do Senhor” (Gn. 4:26). Estes piedosos foram salvos pelo mesmo ato de nós, isto é, pela fé na providência gratuita de Deus; como nós, eles se alimentavam da Palavra de Deus; também celebravam os mesmos sacramentos de acordo com a própria dispensação: circuncisão – batismo (ritos para tornarem-se membros do povo de Deus na Terra), Páscoa-Ceia do Senhor (ritos para celebrarem os grandes atos de Deus na redenção e salvação de seu povo); e, igualmente, aguardavam o pleno cumprimento das promessas de Deus. Estes quatro elementos continuam sendo o sustento espiritual do povo de Deus em nossos dias. Como é que devemos contemplar o povo de Deus no Antigo Testamento? “Na verdade (o Senhor), amas os povos; todos os teus santos estão na tua mão; eles se colocam a teus pés e aprendem das tuas palavras” (Dt. 33:3). E no Novo Testamento? Este povo é privilegiado, está na mão de Cristo, vivendo em plena comunhão espiritual com Ele (Jo 10:28; 15:10).

É importante observar que Cristo usa o seu próprio amor como padrão para estabelecer a natureza do amor que devemos praticar em relação ao nosso irmão: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo. 15:12). Reconhecendo este princípio, somos exortados: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” (Fl. 2:5).

Vamos ao estudo, a fim de entender o procedimento, o propósito e o prodígio do amor de Jesus Cristo para o seu povo.

1. O Procedimento do Amor de Cristo (V, 25b). “Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela”. A maior expressão do amor se manifesta quando alguém dá a sua própria vida em favor do necessitado. Cristo afirmou: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo. 15:13). O Ap. Paulo sublinhou esta verdade, dizendo: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8).

É oportuno fazer uma pergunta: Por que Deus foi movido a nos amar e providenciar para nós a redenção e a salvação? Afinal, somos filhos da desobediência, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus e totalmente incapazes de retribuir com qualquer ato meretório. Talvez possamos receber uma resposta fazendo uma outra pergunta. Por que o Samaritano foi movido a ajudar um desconhecido, ferido, semi-morto, e sem qualquer condição para retribuir com algum pagamento? O samaritano agiu por compaixão ao infeliz. A compaixão sempre faz o seu possuidor agir em favor do necessitado. Compaixão é empatia, a capacidade para se colocar na situação ou circunstância experimentada por outra pessoa. Naquele caso, o uso de primeiros socorros foi suficiente para demonstrar a sua compaixão. Uma ferida física pode ser relativamente fácil de tratar. Mas o problema do pecador é bem mais grave. Ele jaz sob a pena de uma morte espiritual, sob uma lei imutável que exige o seu banimento da presença abençoadora de Deus. Como é que Deus conseguiu ser justo – cumprindo a lei e ao mesmo tempo ser justificador – libertando o pecador desta sentença? Deus recorreu à lei da substituição, quando um inocente podia assumir a sentença do culpado. Foi exatamente isso que Cristo, o imaculado Filho de Deus fez quando assumiu a culpa do pecador. “Aquele que não conheceu o pecado, ele o fez pecado por nós: para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co. 5:21). O conceito desta lei foi repetidamente demonstrado mediante o sacrifício de animais inocentes. “Porque a vida da carne está no sangue. E vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação (a remoção do pecado) em virtude da vida” (Lv. 17:11). Quando Cristo  deu a sua vida em resgate por muitos, Ele derramou o seu sangue, sangue que nos purifica de todo o pecado, (1 Jo 1:7). Cristo descreveu a sua abnegação pessoal, dizendo: “Dou a minha vida pelas ovelhas (...) Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (Jo. 10:15, 17, 18). E, por causa do contexto de Efésios 5:25-27, acrescentamos esta aplicação: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fl. 2:5). E o Ap. João, comentando sobre este “sentimento”, disse: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1Jo. 3:16).      

2. O Propósito do Amor de Cristo, (V. 26). “Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”. Todas as pessoas que entram na Igreja como cristãos professos, entram como pecadores. Portanto, o grande propósito do amor de Cristo é a purificação deste povo. Depois de enumerar alguns pecados das pessoas que entraram na Igreja de Corinto, o Ap. Paulo acrescenta: “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6:11). Este processo de purificação se chama  santificação do pecador.

Como é que a santificação se  realiza em nós? O Breve Catecismo da nossa Igreja nos dá esta definição simplificada: “ Santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a retidão” (Resp. 35). Morrer para o pecado significa recusar o desejo de oferecer os membros do nosso corpo ao pecado como instrumentos de iniqüidade. Em vez de continuar enlouquecidamente  no pecado, oferecemo-nos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e, nossos membros, como instrumentos de justiça, (Rm. 6:13).

Quais são os meios principais que Deus usa para nos santificar? Ele usa a Palavra e o seu Espírito Santo para aplicar a virtude e o poder da morte e ressurreição de Jesus Cristo à nossa vida. O versículo da nossa leitura oferece uma resposta paralela: tendo purificado a Igreja “por meio da lavagem de água pela palavra”. O uso de água, nos ritos religiosos, sempre se refere às purificações, (Lv. 8:7). Assim, o Apóstolo está dizendo que a Palavra de Deus tem um efeito purificador sobre a nossa vida. Cristo disse a seus discípulos: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo. 15:3).  A nossa santificação é sempre definitiva, “porque aquele que começou boa obra em nós há de completá-la até o Dia de Jesus Cristo” (Fl. 1:6).

3. O Prodígio do Amor de Cristo, (V. 27). “Para a apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante, porém, santa e sem defeito”.   Eis o grande prodígio do amor de Cristo, uma Igreja aperfeiçoada e pronta para as moradas eternas. Cristo começou a sua obra com um povo pecador, morto em seus delitos e pecados, mas este foi lavado e santificado, mediante a aplicação poderosa da Palavra de Deus pelo Espírito Santo na vida de cada um. Sentimos ainda a realidade das nossas imperfeições do momento, porém, Cristo nos vê em nosso estado final, uma Igreja “santa e sem defeito.” Ah, se pudéssemos ver a nós mesmos como Cristo nos vê, o nosso coração transformado com uma “alegria indizível e cheia de glória,” e com uma “paz que excede todo o entendimento”! (1Pe. 1:8; Fl. 4:7). Contudo, não podemos esquecer que fomos comprados por preço, o derramamento do precioso sangue de Jesus Cristo.

Agora, devemos fazer uma pergunta necessária: Por que Cristo fez tudo isso? No início, Deus criou o homem para a sua própria glória, porém, o pecado entrou e deturpou esta glória. Os propósitos de Deus ficaram frustrados? De forma alguma! O seu povo seria redimido e perdoado para novamente o glorificar. Este povo redimido pertence a Jesus Cristo, porque foi Ele que amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, a fim de apresentar a si mesmo uma Igreja gloriosa e sem defeito. Quanto à nossa santificação, somos exortados: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fl. 2:5). Como Ele fez tudo para nos santificar, assim nós também devemos buscar essa santificação.

Rev. Ivan G. G. Ross - Itajubá

Fonte: Vaso de Honra

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