A Divindade de Cristo - A Carta Aos Colossenses - estudo 4 (Parte 2)



Leitura Bíblica: Colossenses 1: 18-20

INTRODUÇÃO:

Temos visto o poder soberano de Jesus Cristo como Criador de todas as cousas, visíveis e invisíveis, poderes e governos. A lição que o Apóstolo está inculcando é esta: aquele que teve poder para criar o universo em toda a sua plenitude, do nada, é igualmente poderoso para salvar qualquer pecador sem precisar recorrer ao auxílio de criaturas que Ele mesmo criou.

Vamos ver agora o poder soberano de Cristo na redenção do pecador. Cristo é o nosso Sumo-Sacerdote:
“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” Hb. 7: 25.

1- Jesus Cristo como Redentor, Vs. 18-20. A Bíblia afirma que Cristo veio como o desejado Redentor, para buscar e salvar pecadores, Ml. 3: 1. Ele não precisou do auxílio de nenhum recurso humano. O derramamento de seu próprio sangue foi o preço todo-suficiente pra remir o pecador do domínio do pecado. “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros (como no Antigo Testamento), mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” Hb. 9: 12.

a) Cristo é a cabeça da Igreja, V. 18a. “Ele é a cabeça do corpo, a Igreja”. A figura da cabeça e o seu corpo ilustra a união que existe entre Cristo e a sua Igreja. Ele é a cabeça e o Sustentador de cada membro da sua Igreja. É reconhecido que a cabeça controla todos os membros do corpo humano. Nenhum membro do corpo é auto-suficiente, todos dependem dos impulsos da cabeça a fim de cumprirem o seu propósito. O Apóstolo aplica esta verdade espiritualmente, afirmando que “Cristo é a cabeça de todo homem”, e, por inferência, a cabeça de cada membro da Igreja em particular, 1 Co. 11: 3. Vamos sentir o cuidado que Cristo tem para com sua Igreja. “Ele amou a sua Igreja e a si mesmo se entregou por ela... Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o fez com a Igreja; porque somos membros de seu corpo” Ef. 5: 25, 29, 30. Por que estamos falando assim? A Igreja não tem nenhuma expressão que glorifica a Deus sem o toque vivificante de Cristo. Ele mesmo disse: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer” Jo. 15: 4-5. Esta união entre Cristo e a sua Igreja não admite nenhuma interferência externa, como os hereges tentavam estabelecer. Se interferirmos com a união natural entre a videira e o ramo, o ramo morrerá. Assim, o fruto da heresia é o mesmo, as vítimas morrem eternamente. Não podemos nos separar da exclusividade de Cristo para cuidar e salvar, totalmente, a sua Igreja. “Ele é a cabeça do corpo, a Igreja”.

b) Cristo é o princípio, V. 18b. “Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos”. Ele confessou: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” Ap. 22: 13. Ele é o grande iniciador de todas as cousas, aquele que efetuou todos os propósitos da Divindade. Quando pensamos na criação do universo, lá estava o Verbo, Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade. “No princípio (o primeiro relance dentro da eternidade) era o Verbo, e o Verbo estava com Deus. Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” Jo. 1: 1-3.

Quando pensamos na redenção do pecador, novamente vemos Cristo tomando a iniciativa para efetuar esta grande obra. Dentro da eternidade, Ele se apresentou, dizendo: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade” Hb. 10: 9. Esta “vontade” foi o oferecimento de sua própria vida pelo povo a ser redimido. A respeito da sua vida, Cristo confessou: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” Jo. 10: 11, 18.

Quando pensamos na formação da Igreja, outra vez vemos Cristo tomando a iniciativa, prometendo: “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mt. 16: 18. Parte desta obra de edificar a sua Igreja consiste em buscar e arrebanhar o povo a ser redimido. Cristo disse: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco (os judeus); a mim me convém conduzi-las (os gentios); elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” Jo. 10: 16. O Ap. Paulo praticou este princípio em seu ministério: “Primeiro do judeu e também o grego” Rm. 1: 16. “Opondo-se eles (os judeus) e blasfemando, sacudiu Paulo as suas vestes e disse-lhes: Sobre a vossa cabeça, o vosso sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os gentios” At. 18: 6. Cristo é a cabeça tanto dos judeus crentes, como também dos gentios crentes. Ao meditarmos sobre a iniciativa de Cristo, o Ap. João comentou: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados... (Agora), nós amamos porque ele nos amou primeiro” 1Jo. 4: 10, 19. Louvamos a Deus pela iniciativa de Cristo em nosso favor, porque dela veio a nossa redenção.

Quando pensamos na ressurreição dos mortos, mais uma vez, vemos que Cristo é “o primogênito de entre os mortos”. Cristo se apresentou ao Ap. João, dizendo: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” Ap. 1: 17-18. Em todas as experiências que se referem à nossa redenção, Cristo é o princípio, o precursor, aquele que foi o primeiro a agir. Quanto à ressurreição, vemos formas de ressurreição tanto no Antigo Testamento como também no Novo Testamento. Cristo, porém, foi o primeiro a experimentar a ressurreição escatológica. Assim, o Apóstolo vê a ressurreição de Cristo como sendo “ele as primícias dos que dormem” 1 Co. 15: 20. Cristo foi o primeiro a ressuscitar, e, os que pertencem a Ele, o seguirão no Dia da sua Segunda Vinda, 1Co. 15: 52. Ele é sempre o primeiro, vestido de todos os direitos de soberania. Cristo, aquele que nos abençoa, é chamado: “A Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” Ap. 1: 5. A doutrina da ressurreição de Cristo nos prepara para a nossa própria ressurreição no Último Dia. Às vezes, pensamos: Como será a nossa ressurreição naquele Dia? Tranquilizemo-nos com a palavra do Ap. João: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” 1 Jo. 3: 2.

c) Cristo tem a primazia sobre todas as cousas, V. 18c. “Para que em todas as cousas ter a primazia”. Cristo, como o princípio de todas as cousas, é uma verdade com ampla exposição nas Escrituras Sagradas. Por que esta ênfase? Para que Ele tenha a preeminência, a soberania divina entre todas as suas criaturas. “Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos” Rm. 14: 9. Ninguém consegue fugir do seu senhorio. Voltemos a lembrar do problema entre os Colossenses. Os hereges estavam tentando destruir a primazia de Cristo, e, em seu lugar, eles mesmos queriam receber toda a preeminência. Mas, desfazendo as prerrogativas de Cristo, os hereges estavam anulando a redenção e impossibilitando qualquer esperança do perdão dos pecados. O âmago de qualquer heresia é a negação da exclusividade soberana de Cristo e a exaltação dos méritos humanos. “Ostentando-se como se fosse o próprio Deus” 2 Ts. 2: 4. Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, e, entre outros propósitos, para qual fim? A fim de que o nome do nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado, 2Ts. 1: 12. Ou, como o Apóstolo disse em outro lugar: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor para glória de Deus Pai” Fl. 2: 10-11. Ai do homem que procura usurpar a primazia que pertence exclusivamente a Jesus Cristo.

d) Cristo é o Filho amado por Deus (o Pai), V. 19. “Porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude”. Outro versículo que diz a mesma verdade: “O Pai ama ao Filho e todas as cousas tem confiado às suas mãos” Jo. 3: 35. Vamos regressar para a cena do batismo, onde vemos Jesus sendo batizado antes de dar início ao seu ministério público. “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu filho amado, em quem me comprazo” Mt. 3: 16-17. Observemos duas verdades relacionadas a esta declaração:

Primeira: A unção pelo Espírito Santo, capacitando Jesus Cristo, como verdadeiro homem, para exercer toda vontade de Deus. Quando o Apóstolo fala da “plenitude”, entendemos que esta se refere à vontade do Pai em relação à salvação do pecador. Cristo, somente ele, recebeu o encargo para salvar pecadores. Cristo não é um Salvador incompleto, como os hereges em Colossos ensinavam. Ele é poderoso para salvar totalmente, porque nele habita toda a plenitude, Hb. 7: 25.

Segunda: A confirmação pública que o Pai deu a respeito deste Jesus: “Este é o meu Filho amado, em que me comprazo”. O Apóstolo aos Hebreus fez uma pergunta pertinente: “Ora, qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos pés?” Hb. 1: 13. A superioridade é incontestável. “Aprouve a Deus, que em Cristo residisse toda a plenitude”, toda a autoridade para salvar pecadores. Mas, para efetuar esta salvação, Ele tinha que dar a sua própria vida como o preço do resgate. O Ap. João testificou: “Por que todos nós temos recebido da sua plenitude (da sua exclusiva suficiência) e graça sobre graça” Jo. 1: 16.

e) Cristo é reconciliador de todas as cousas, V. 20. “que havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as cousas, quer sobre a terra quer no céus”. Reconciliação entende um contexto de inimizade entre duas ou mais pessoas, e, em nosso contexto, entre Deus e toda a humanidade. Pois todos pecaram. Portanto, para realizar uma reconciliação, o pecado, que é a causa da inimizade, tem que ser removido. Cristo é o único enviado com a missão específica para tirar os pecados do homem. “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados”. E Ele tem esta autoridade, porque “nele não existe pecado” 1 Jo. 3: 5. Quando Cristo se manifestou entre os homens, João Batista logo o reconheceu como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” Jo. 1: 29.

Esta reconciliação foi realizada mediante o pagamento de um resgate, a saber, “o sangue da cruz” de Jesus Cristo e da sua morte substitutiva. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, antes, elas foram transferidas ao seu próprio Filho, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado, vivamos para a justiça” 1 Pe. 2: 24; 2 Co. 5: 19.

Esta reconciliação produziu o fruto precioso de paz entre Deus e os pecadores que creem em Jesus Cristo. Por isso, Ele garantiu ao seu povo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” Jo. 14: 27. E, o Ap. Paulo, regozijava-se, dizendo: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” Rm. 5: 1.

Esta reconciliação tem uma abrangência generosa: “todas as cousas, quer sobre a terra, quer nos céus”, tudo o que foi atingido pelo pecado. A terra foi atingida e ficou amaldiçoada. O homem também foi atingido e foi expulso da presença de Deus, Gn. 3: 23-24. Tudo e todos que se encontram separados da amizade de Deus podem, agora, ser reconciliados com Deus por meio de Jesus Cristo. Eis a nossa comissão: “Deus nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” 2 Co. 5: 19-20. Somos reconciliados com Deus quando cremos em Jesus Cristo, submetendo a nossa vida à sua direção, e descansando em seu cuidado.

Conclusão: A melhor maneira de combater a heresia é proclamar as verdades positivas sobre a soberania absoluta de Cristo, tanto na área de criação como também na área da redenção do pecador.

Fonte: Vasos de Honra

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